Nova empreitada da Prefeitura de São Paulo visa reduzir luzes de fachadas de comércio
Ao que tudo indica, o Prefeito Gilberto Kassab está seriamente empenhado em transformar a cidade de São Paulo em uma metrópole escura, feia, suja e ameaçadora.
Depois de eliminar toda e qualquer Publicidade Exterior, com seus luminosos, neons, abrigos de ônibus com iluminação noturna, agora é a vez do comércio pagar a conta dessa ambição estranha.
Segundo matéria publicada no Jornal da Tarde, nesta quarta-feira, a Prefeitura prepara agora a operação Cidade Limpa 2, uma proposta para enquadrar a iluminação noturna de prédios privados de uso comercial, que terão uma potência máxima permitida para as luzes das suas fachadas.
Segundo Regina Monteiro, diretora de paisagem urbana da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), "queremos definir padrão, cor e parâmetro máximo de luminosidade". É o Estado incompetente para atender as mínimas demandas da população que se intromete, mais uma vez, em assuntos privados.
Ainda segundo a Prefeitura, a medida visa coibir abusos que passaram a ocorrer depois que a lei Cidade Limpa baniu anúncios da paisagem urbana. Para chamar a atenção dos consumidores para o negócio durante a noite, comerciantes passaram a iluminar as fachadas de forma exagerada.
A matéria diz que já existe um caso em análise na Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU), órgão ligado a Emurb que julga infrações à Cidade Limpa. Trata-se de uma loja de cosméticos na Avenida Liberdade, onde o proprietário envidraçou toda a fachada e instalou uma superiluminação interna.
Pelo exemplo dado dessa loja, Regina comenta que "o que não pode mais é cada um acender quanto quiser. Desse jeito, um vai querer chamar mais a atenção do que outro e a cidade chegará a um ponto em que haverá poluição noturna de luzes". Uma afirmação hilária, se não fosse trágica, já que a Prefeitura agora quer interferir na apresentação do comércio para atrair clientes.
Ela ainda cita como outro exemplo o que ocorreu com o Jockey Club, segundo ela, depois que imensos cartazes de anúncios foram retirados dos muros da Marginal do Pinheiros após a Cidade Limpa. "O que se sobressaiu foi uma iluminação muito forte para aquele local". Isso seria um argumento bom se o Poder Público mantivesse uma rede de iluminação pública decente, em funcionamento. Tente passar em alguns trechos das marginais, à noite para comprovar a escuridão que toma conta da cidade.
Acho que o Prefeito e sua equipe deveriam ser transportados a cidades como Nova Iorque, Tóquio e tantas outras já citadas a exaustão com relação à publicidade e luminosos. Las Vegas, talvez. Lá poderiam propor essa idéia e ver a reação dos comerciantes. Duvido que sairiam vivos da discussão.
Toda esse histórico de restrição e até eliminação de atividades lícitas, livre concorrência, criatividade etc, me lembra a história da pesonagem infantil Grinch, que odeia o Natal e faz de tudo para impedir que as pessoas de uma pequena cidade comemorem a data festiva. Nada de luzes, de alegria, de decorações etc. Um Natal triste e cinzento, sombrio. Assim será a cidade de São Paulo se essa proposta vingar.
E o pior é que nem poderemos dizer aquela famosa frase quando estivermos indo embora desta cidade cada vez mais cinzenta e suja: o último que sair apaga a luz. A Prefeitura provavelmente já terá feito isso por nós...
Fonte:
Jorge Luiz Mussolin
Editor do Portal eAgora (eagora.com.br)